quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

mostra de processos SOLO




mostra de processos SOLO



com João Batista,



Erik Breno e Lucivania Lima






PROJETO TRÊS DANÇAS



hoje ás 20h30 sala de dança ADC

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

VIVÊNCIAS PROCESSO COREOGRÁFICO “BODAS DE ARAME E FITA CREPE”

Por Aline VallimNegrito

Nos últimos dias quem tem me acordado é o “picolé caseiro Cariri, a qualidade é que faz a diferença!”. Mas, entre tantos novos sons que ouço em Juazeiro do Norte, o que me faz correr pra janela é “a promoção casamento perfeito da casa dos relojoeiros: você e seu amor vão ganhar um lindo jantar romântico... os pombinhos ainda concorrem a uma viagem para o litoral cearense em um hotel paradisíaco, aqui, sua paixão vira um eterno romance!”
O que me faz correr pra janela não está na promoção de fato, talvez esteja no sentido e no tom cor- de- rosa das palavras escolhidas para nos convidar...
“Casamento Perfeito”. Perfeição vem do latim perfectione e significa um ser ideal que reúne TODAS as qualidades e não tem NENHUM defeito. Uma circunstância que não possa ser modificada ainda mais e mais...
Mas se a troca é condição fundamental de sobrevivência e evolução de todas as coisas vivas, em que parte entra essa história de uma circunstância que não pode ser modificada? E se fossemos feitos só de qualidades... Qual seria então o grande desafio de se estar vivo?
Rapaiz, essa promoção tá me cheirando à conversa pra boi dormi!
Me vê um picolé de siriguela!
Bodas de Arame e fita crepe, tem me feito um convite mais convincente.
Convida-me a aprender,
Assumir incertezas e fragilidades,
tentar aproximar,
propor e se arriscar a buscar outros caminhos.

Parece que agora, a frase de PIERCE, que colei na parede começa a me fazer mais sentido : “ a única maneira de descobrir os princípios sobre os quais algo deve ser construído é considerar o que vai ser feito com aquilo que foi construído, depois que foi construído”.

A experiência de ensinar, aprender ,trocar e criar com Faeina, Kelyenne e Tiago, tem me convidado a ampliar o presente. Atualizar o passado, viver o agora e ter menos agonia com o futuro. Afinal este será ressonância do presente.
Me fez revisitar o que entendo hoje por coreógrafo. Função que, como tantas outras, está em processo de mudança na contemporaneidade. Se antes Mestre, detentor do conhecimento e do movimento...hoje amarrador de fios, fomentador de possibilidades, um misturador de materiais emergentes.
Tive que revisitar também a função de ensaidor, muitas vezes entendida como aquele que passa, repassa e passa novamente a coreografia. Mas se estamos buscando uma dança que se configura a partir das atualizações entre corpoambiente e a questão que nos move... que sentido teria essa repetição que não repete a diferença pois insiste naquela mesma linearidade da perfeição?
Assim, Bodas de Arame e Fita Crepe segue, descobrindo seus caminhos enquanto caminha. Experiências de dança como movimento de olhar, perceber e sentir modos de relacionamento com as pessoas, com o publico com a desestabilização de hábitos de percepção da realidade. Temos interesse pelo corpo e por sua complexidade/fragilidade; experiências estéticas que provocam os sentidos, a vontade de experimentar, pensar/mover, mudar, compartilhar e poder reconhecer pessoas em cena, mas do que corpos hiper-treinados...


Por Faeina Jorge

Acordei ontem no meio da noite e liguei o celular, e em poucos segundos chegou essa mensagem:
Haverá o tempo do florescimento dos sonhos, com uma vida tão linda que não cabe em um único céu. É a nossa herança guardada no tempo. Estou agora chorosa feliz como sabe que sou e preciso dividir esse recado de Deus porque sou muito pouquinha para guardar tanto amor. Te amo. Suzana.
A mensagem foi uma surpresa tão linda e doce quanto Suzana, costumo dizer que ela é especial porque são poucas as pessoas que tem tanta sensibilidade e uma fragilidade tão poética ...
Depois que comecei esse trabalho, meu olhar para os relacionamentos mudou. Ficou mais sensível percebendo cada gesto e seus significados. As minhas fragilidades e as fragilidades de quem está próximo de mim. Antes passavam despercebidas, hoje consigo perceber e compreender com mais clareza o porquê de certos gestos, mesmo que apareçam inconscientemente no outro.
Fazer nossas fragilidades virarem potencias! Por que é do que temos medo que enfrentamos com maior comprometimento. Por isso o medo se faz importante em algumas coisas e momentos da minha vida.


Por Tiago Sousa

Saindo da comodidade e partindo para um terreno desconhecido.
Um novo corpo, outros espaços, aprendendo a escutar o outro corpo.
Um percurso de valorização das ações que sugerem imagens potentes para a cena.
Qual o pensamento do corpo nesse instante?
Porque estou aqui? O que move? Porque move?
Você me escuta? Eu sinto, você sente? Quero tua resposta no corpo. Te dou minha resposta no corpo.
Pausa, respira, é preciso escutar o que outro corpo me propõe.
Pausa, respira, é preciso pausar. Fico imóvel, fica imóvel.
Atento as minhas, as nossas fragilidades. A temática também somos nós, nossas fragilidades em cena.
Acredito nesse caminho, estou entregue.



Por Kelyenne Maia

O processo de seleção para o “três danças” na categoria duo, com a Professora Aline Vallim, foi uma experiência interessante e diferente, pois o processo me remetia a um aula de teatro, o que me deixou mais curiosa, infelizmente não pude me dedicar por completo, no primeiro exercício me machuquei tendo que imobilizar meu pé, mas somente com ataduras pois ainda tinha três apresentações do espetáculo Vórtices para realizar, isso me deu mais um”gás” para tentar concluir pelo menos a oficina, e assim o fiz!
Ao receber a noticia que eu havia sido selecionada como bailarina juntamente com Tiaguinho e Faeina Jorge como colaboradora, a alegria e preocupação ocuparam o mesmo espaço, pois o médico havia informado que na segunda-feira eu teria que imobilizar meu pé. Conversei com a professora, dizendo que entenderia completamente se ela escolhesse outra pessoa, mas Aline Vallim tem um pensamento muito parecido com o meu quanto a substituição, ela falou que eu continuasse e que iniciaríamos dentro do meu limite, e assim o fizemos, isso me deu outro estimulo, então vamos em frente! Dentro do processo intenso, enquanto estávamos na companhia da professora, esse tempo seria de dez dias, nos encontramos todos os dias com um horário tão intenso e prazeroso quanto o curto espaço de tempos que ficaríamos juntos, chegamos a ensaiar (não enquanto um trabalho fechado, mas enquanto processo em constante criação) por seis horas seguidas.
Durante os encontros construímos algumas partituras que possivelmente seriam utilizadas na apresentação, deixando claro que mesmo quando o trabalho estiver “fechado” ele dará margem para criação no momento da apresentação, ou seja, improvisação. Bodas, arame e fita crepe, idéias a serem construídas nos corpos em movimentos, mesmo estando parado, um casal – bodas. Ligamentos entre pessoas, aperto, machucar. Não! É melhor ficar como estamos – arames. Uma fragilidade, a ilusão da união, romper com algo ou alguém com a mesma fragilidade com que respiramos – fita crepe.
Mesmo após a ida de Aline, os nossos encontros continuaram, pois havia uma preocupação de não deixarmos essa memória construída que se firmou em nossos corpos se perdesse numa lembrança do que teria sido. Então continuamos nos encontrando quatro vezes por semana, dentro desses encontros que também se tornou uma fragilidade, fragilidade com o corpo do outro sem a professora, fragilidade na relação com a orientadora, pois ela também se cobrava muito, para não deixar a “peteca” cair, com os bailarinos em se permitirem livre de conceitos pré – estabelecidos. E a cada encontro novas percepções de corpos que se encaixavam, e se batiam em espaços alternativos, salas de aula, praças, galpão, matos, quintal... Nos mais inusitados espaços a minha maior descoberta foi o ESTAR EM PRONTIDÃO, o perigo de se machucar era grande e o cuidado não era somente com o meu corpo e com os meus movimentos, mas com o corpo do outro que estava no mesmo espaço que eu, correndo os mesmo “perigos”.
A brincadeira foi surgindo de uma maneira tão tranqüila que mais parecia ser ensaiado, o tchuc – tchuc[1] deu espaço ao pega-pega, o pega-pega gerou a batida de mão de repente outra atmosfera foi surgindo. Em quase todos os encontros o ar era de uma seriedade imensa, não que o trabalho fosse tenso, mas que a preocupação com o espaço, com o outro, com os comandos, com o improviso, deixava os corpos em outro estado, uma certa apreensão que nos encontros foram dando espaços para outras atmosferas, e foi assim que surgiu as brincadeiras. Nos últimos encontros uma linha foi surgindo. A repetição! Ao observar os vídeos percebi a necessidade de trabalhar as repetições, o que me agradou muito, pois percebi como construir uma movimentação repetindo com a mesma força e intenção mesmo que algumas vezes brincasse também com as velocidades. A velocidade também, foi outra conquista nos encontros, pois anteriormente realizávamos os comandos ou improvisos dentro de uma mesma cadencia de tempo, explorando muito pouco esse elemento que promove várias possibilidades de improviso, a velocidade!
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[1] Movimento construído durante as improvisações que um suspende o corpo do outro, mas antes há um código de braços levantados e foram esses braços suspensos que gerou outros movimentos.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

resultado Três Danças - 3a fase.

Estimados,

Viemos por meio deste, comunicar os selecionados da terceira fase do Projeto Três Danças – Processos coreográficos desenvolvido pelo coreógrafo Erik Breno/PB para montagem de um solo.

Intérprete-criador: João Batista
Assistente-ensaiador-criador: Lucivania Lima

Agradecemos a todos os bailarinos que participaram das três residências seletivas do projeto e a colaboração de todos nesse Projeto. Bem como os parceiros que estão recebendo nossos artistas em seus espaços para a pesquisa e criação dos trabalhos de forma muito generosa e gentil.

Acreditamos que essas ações formativas e encontros contínuos para troca de saberes e gentilezas são os principais elementos que fazem a categoria da dança caririense cada vez mais desenvolver-se.

Um grande abraço,

Alysson Amancio